Tive uma semana meio atípica. Chorei na última semana o que eu acho que não chorei em todos os dias dos últimos dois anos juntos.
Ontem passei o dia inteiro no Teatro Raul Cortez durante a apresentação de fim de ano das crianças. Ora subindo no palco com elas, ora nos bastidores trocando tudo o que era roupa, foi um dia (e uma semana) tão corrido que só no final da festa é que caiu a ficha do que aquilo significava. O ano letivo, enfim, acabou.
À certa altura me deram dois envelopes com fotos que eu deveria entregar na saída do evento para os pais. Era uma foto individual de cada criança da turma em um close super mega ultra blaster lindo. Sentei nos bastidores e comecei a passar as fotos já com os olhos marejados. Quando eu levantei a cabeça as crianças já estavam todas ao meu redor olhando as fotos com o mesmo encanto que eu, igualzinho fazemos todos os dias na sala enquanto discutimos os projetos.
Depois que finalmente saí dos bastidores e pude curtir um pouco, vi um pôster com fotos de todas as turmas do ano. Lá tinha duas fotos referentes às minhas duas turmas, ambas registradas no gramado. Encontrei dois pais com lágrimas nos olhos. Era a primeira vez que o filho deles tinha dançado em uma apresentação sem chorar, feliz da vida, orgulhando os pais. Eu nem preciso dizer. Morri junto (aliás, já assisti o vídeo em casa umas vinte vezes desde ontem).
A apresentação que fechou o dia foi a das minhas crianças. Entrei no teatro na metade da última apresentação (já que o resto eu perdi nos bastidores) de balé. Não dá para explicar o que senti ao ver as meninas dançando. É mais ou menos como com filhos, acho. A gente sempre acha que os nossos são os melhores. E foi assim que eu fui abaixo mais uma vez vendo as minhas “bailarinas” no palco.
Por último, uma retrospectiva foi mostrada em um telão. Além de várias fotos que eu ainda não tinha visto, ainda tinha algumas gravações que fizeram do nosso cotidiano às escondidas. O nosso jeito de arrumar o cabelo de uma criança, a gargalhada de uma delas em uma das brincadeiras, a gente rolando no gramado. Eu olhei praquilo e pensei comigo “cara, eu sou uma educadora de verdade”.
Quando o mestre de cerimônias me passou o microfone, eu olhei para a plateia e vi aqueles pais todos emocionados e orgulhosos, dando o máximo de si para tietar os seus pequenos, e a única coisa que eu consegui dizer foi: “ah, foi fácil, com essa turma tudo fica fácil”. Logo eu que nunca gostei de clichês.
Simplesmente não dá, cara, pra dizer a puta emoção que é, depois de um ano inteiro com essas crianças, uma mãe ou um pai chegar no final de um dia como esse e te agradecer, te engrandecer, te fazer sentir parte de uma coisa que você admite, enfim, não só compor, mas gostar e dedicar parte da sua vida à isso com todo o seu coração.
No telão eu vi a escola lembrar de mostrar a cara do porteiro, das faxineiras, dos ajudantes gerais, das secretárias, de todo mundo. Ninguém foi esquecido. E esses foram tão ou mais aclamados que as crianças. A minha escola tem gente de verdade, que tem cara de família, de saudade e de algo mais.
E é só por isso que na última semana eu me tornei a maior bunda-mole do mundo. Eu sou bunda-mole porque eu não sei dizer mais que tchau. E esse seria um bom motivo para começar a acreditar em deus.
Essa semana que vai entrar vai, definitivamente, ser foda. 😦
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