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Archive for dezembro \24\-03:00 2010

Traveling

15:47

Ok. Faltam menos de 24 horas para o meu voo e eu sequer comecei a arrumar as malas. Estava assistindo até agora o meu musical predileto, sonhando com o frio da Europa e com a hora em que vou pôr os meus pés congelantes em Londres e tomar um chazinho no aeroporto com luvas. Já até decidi que nessa hora quero estar ouvindo Glen Hansard, mas seria ótimo se antes eu pelo menos conseguisse escolher uma peça qualquer para vestir hoje à noite. Shit.

Ainda preciso organizar a comida para os meus gatos e comprar mais pílulas. Para falar a verdade, também só me ocorreu há pouco que vou enfrentar trocentas horas de voo e preciso preparar uma trilha sonora, no mínimo, razoável. Estou levando alguns livros para ler enquanto ele frequenta as aulas que diz que quer fazer de karatê e sei lá mais o quê no Japão. Coisas de homem. E eu, neurótica, levando trocentos anexos para preparar palestras durante o voo. Coisas de mulher.

Aliás, fico só sonhando com a hora em que esse calor insuportável não vai mais derreter minha maquiagem. Vou arrumar umas roupas quentinhas, pôr o Neil na mala e comer muito, mas muito mesmo. Acho que já é tempo de desejar um Feliz Natal para todos e aquela cerimônia toda. Mas, antes, vou ouvir The Frames mais uma vez, aquela música lindíssima que eu não consigo parar de ouvir (tudo bem que a ocasião merece uma trilha mais road movie, mas o que eu posso fazer se essa música impregnou na minha cabeça?).

I don’t know you
But I want you
All the more for that
Words fall through me
And always fool me
And I can’t react
And games that never amount
To more than they’re meant
Will play themselves out
Take this sinking boat and point it home
We’ve still got time
Raise your hopeful voice you have a choice
You’ve made it now
Falling slowly, eyes that know me
And I can’t go back
Moods that take me and erase me
And I’m painted black
You have suffered enough
And warred with yourself
It’s time that you won

Acreditam que eu já estou com saudades dos gatos? :X

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Dear president

Acabei de assistir ao último pronunciamento do ano do presidente Lula, intitulado de despedida.

Apesar de todos os maneirismos políticos e de todo o discurso enfadonho referente ao apoio à Dilma, preciso dizer mais uma vez que o Lula ainda é o cara que me emociona como poucos.

“Saio do governo para viver a vida das ruas. Homem do povo, que sempre fui, serei mais povo do que nunca, sem renegar o meu destino e jamais fugir à luta. Não me perguntem sobre o meu futuro, porque vocês já me deram um grande presente. Perguntem, sim, pelo futuro do Brasil, e acreditem nele”.

Hoje ainda é difícil termos uma opinião consistente sobre política no Brasil, mas depois do Lula o povo finalmente aprendeu a pensar duas vezes antes de dizer que político é tudo igual. As pessoas finalmente começaram a falar de política porque começaram a viver as mudanças de um novo tempo. Trabalhando no ensino público isso ficou ainda mais visível dentro da minha realidade. O povo não sabe exatamente como ocorreu o processo de causa e efeito, mas fala com propriedade dos resultados. Eles batem no peito para defender o único nome que vem à mente quando eles falam de tantos benefícios que alguns ainda insistem em chamar de meramente assistencialista.

“Se governei bem, foi porque, antes de me sentir presidente, me senti sempre um brasileiro comum que tinha que superar as suas dores, vencer os preconceitos e não fracassar. Se governei bem, foi porque, antes de me sentir um chefe de estado, me senti sempre um chefe de família que sabia das dificuldades dos seus irmãos para colocar comida na mesa, para dar escola para seus filhos, para chegar em casa todas as noites a salvo dos perigos e da violência. Se governamos bem, foi, principalmente, porque conseguimos nos livrar da maldição elitista que fazia com que os dirigentes políticos deste grande país governassem apenas para um terço da população e se esquecessem da maioria do seu povo”.

O governo Lula foi, sobretudo, um governo de superação. Muito embora a elite ainda critique bastante o presidente e ainda questione bastante o seu caráter, uma coisa é inquestionável: mesmo dentro de tudo o que foi falível ou insuficiente, ainda não é possível mencionar um nome, hoje, que tenha mantido a esperança tão próxima de tanta gente, que tenha desejado fazer tanto pelo seu povo. O Lula, pra mim, é um cara dos mais inteligentes, articulador, sangue quente, raçudo mesmo, que inspira o seu povo a ser isso: a ser do Brasil.

“Minha felicidade estará sempre ligada à felicidade do meu povo. Onde houver um brasileiro sofrendo, quero estar espiritualmente ao seu lado. Onde houver uma mãe e um pai com desesperança quero que minha lembrança lhes traga um pouco de conforto. Onde houver um jovem que queira sonhar grande, peço-lhe que olhe a minha história e veja que na vida nada é impossível. Vivi no coração do povo e nele quero continuar vivendo até o último dos meus dias. Mais que nunca, sou um homem de uma só causa, e esta causa se chama Brasil.”

Vão falar que o discurso é prepotente, mas eu acho que ele tem todo o mérito, de verdade, de coração. Chorei, mesmo, como milhões de brasileiros, porque Luiz Inácio Lula da Silva é ainda a paixão que já não nos falta para acreditarmos em um país maior e mais digno.

Valeu, presidente! Por tudo o que foi e for.

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Keep calm

Ando meio ansiosa. Estou a três dias de começar a minha tão merecida viagem e nenhuma grande comoção me apetece quanto a isso. Por outro lado, hoje cheguei no máximo da apreensão às quatro da manhã pensando que diabos farei da minha vida em 2011.

2010 foi um ano bom que superou expectativas e abriu um leque de opções para 2011. E são nessas opções é que eu me perco entre tantas prioridades e alternativas.

Passei pelo menos os dois últimos meses pensando e conversando a respeito e ainda não decidi nada. Acho que chega uma certa altura da vida que os pontos já estão meio acertados e tudo a partir daí é uma questão de gana. E o mais difícil para mim é ter de conciliar as inúmeras vaidades que eu coleciono.

Para tanto, a primeira coisa a admitir é: não tem jeito, minha vida tem valor monetário. E não é só por uma questão de necessidade, mas eu sou bem porca capitalista, mesmo. E o grande x das minhas reflexões é conciliar essa característica também com algumas pretensões acadêmicas que eu nunca tive, mas comecei a ter de uns meses pra cá.

Meu problema (e meu xodó) é que eu confio demais no meu taco. Isso faz com que eu queira tudo de tudo e articule inúmeras alternativas para fazer o máximo em menos tempo nem que pra isso eu esgote um pouco e exceda o que chamam de normal. Nos meus últimos anos me disseram para eu descansar e foi o que fiz. Resultado: não necessariamente um arrependimento, mas aquela impressão de que perdi muito tempo confabulando para simplesmente nenhuma contribuição significativa no meu futuro.

Estou cada vez mais calculista. Até mesmo esse blog que já virou só um diário bobo perdeu aquela poesia recalcitrante que vingava outrora (e isso não é motivo de orgulho), reflexo também do aqui fora. E para falar bem a verdade, toda vez que leio algo subjetivo demais em algum blog percebo o quanto tem me faltado sensibilidade. Acho tudo tão mal escrito, meio brega e ultrapassado, achando que a vida é isso, mas também um pouco mais. Ou seja, inverti um pouco os papéis. Achei o amor mais bonito brilhando lá fora. E comecei a encanar bravamente com emprego e estudos para conseguir tocar todo o resto com tranquilidade.

Enfim… decidi acertar tudo isso, pelo menos dentro da minha cabeça, até o dia 25, quando viajo. Dali para frente a única coisa que eu quero decidir são roteiros de viagem e melhores ângulos para as minhas pernas.

Que assim seja.

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Das paixões

Enfim, férias da pós-graduação.

Sendo o trabalho uma diversão, o único desconto que eu estava pedindo há muito era o da pós que, aliás, está me sugando muito mais que o habitual
no que se refere aos estudos. Mérito da Universidade São Judas Tadeu.

Muita gente me pergunta por que eu escolhi fazer a minha pós onde eu já tirei meu título de bacharel e licenciada. Ouvi por vezes que pós a gente sempre faz em uma faculdade diferente e eu até concordo à certa altura, mas posso dizer que não foi por falta de tentativa.

Por uma questão de mercado, me senti na obrigação de fazer uma pós em Língua Inglesa. Cheguei a me matricular em duas faculdades antes da São Judas e nas duas ocasiões saí um tanto decepcionada com a qualidade do corpo docente e a falta de comprometimento dos coordenadores de curso. Não vou entrar no mérito dos detalhes, mas isso me estimulou ainda mais a continuar onde eu já estava. E sem arrependimentos.

Aliás, minha relação com a São Judas é realmente de amor e ódio, mas inevitavelmente é um lugar que me orgulha muito.

Quando minha turma ingressou na faculdade, éramos na grande maioria frutos do ProUni (graças a zeus e ao Lula). Logo nas primeiras aulas, a minha professora de Gramática foi enfática quando disse que éramos a pior sala para a qual ela já tinha lecionado, devido às dificuldades que apresentávamos. E era bem capaz de sermos, mesmo, afinal era a primeira turma cuja grande maioria não conseguiria pagar o curso, não fosse as concessões de bolsas. Só deus sabe a paciência que os professores tiveram de ter com a gente, principalmente no primeiro ano, mas foi absurdo ver como conseguiram explorar nossas potencialidades tão bem. Fechamos o curso não só com a nota máxima do ENADE, mas também com o primeiro lugar na avaliação dos cursos de Letras em São Paulo.

Eu escolhi a São Judas por um motivo simples: status. Em 2006, quando eu examinei os resultados do antigo Provão, vi que a São Judas era a única faculdade a conseguir a nota máxima no curso de Letras nos últimos cinco anos de avaliação. E entendi o motivo disso quando entrei lá. Além de ter uma ótima infraestrutura, é uma faculdade ainda aberta à comunidade com inúmeros cursos e benefícios gratuitos voltados a ela e passe livre para qualquer um circular pelo local. Não tem essa de musiquinha de fundo quando você liga. O atendimento é excelente em todas as áreas. Por vezes por exigências profissionais eu solicitava documentos cujo prazo era de 15 ou 20 dias e, quando alegado o motivo, lá estava o documento pronto no dia seguinte.

Falando especificamente do que presenciei por meio dos cursos de Letras, Licenciatura e pós em Língua Inglesa, percebi que lá o discente tem sua vez. A coordenação é aberta, alunos realmente derrubam professores ruins, os professores enxergam a gente muito além do que considero normal. Por outro lado, eles mantêm ainda uma certa sisudez que acho extremamente raro hoje nos cursos onde os docentes confundem flexibilidade com permissivismo.

O que também me deixou bastante apaixonada é a relação entre os docentes. É uma relação bonita, de amizade, mesmo e muita cumplicidade. Isso agrega muito valor ao curso e por vezes me emociona muito. Testemunhei uns falando de outros com grande devoção. Sempre pensei comigo que um dia trabalharia em um lugar assim (e foi).

Por vezes na pós-graduação vi pessoas vindas de outras faculdades reclamando da didática e dos materiais dos professores. Pode ser que eu esteja enganada, mas a impressão que tenho é que as pessoas vem cada vez menos despreparadas para compreender estruturas complexas e chamam isso de confusão ou desorganização por pura preguiça.

O testemunho que dou é que saí do curso de Letras com a impressão de que todos – sem exceção – os alunos que se formaram saíram de lá maduros e competentes, no seu máximo, alguns até eclodindo no mercado, surpresos com a capacidade que desenvolveram ao longo do curso. Meus professores são verdadeiros apaixonados pelo que fazem e souberam transmitir essa paixão para nós. Nada era muito linear. A gama cultural, a nossa visão política e social, a capacidade de reflexão, o conhecimento histórico e a percepção do futuro… tudo. Saí de lá bombando sentimento. Graças a zeus não bitolei em Clarice Lispector ou Fernando Pessoa como a maioria dos meus colegas de profissão. Boto a mão no fogo que nenhum outro curso se dedicou tanto a balancear paixões e a fazer jus também aos menos privilegiados, mas igualmente recomendáveis autores.

Da Licenciatura nem preciso falar. Nada de estágio meia-boca. Era projeto de verdade, intermediado pela própria universidade com parcerias na comunidade. Você entrava no pico, mesmo, se envolvia, sentia na pele o quanto a educação estava uma bosta, mas ao mesmo tempo se emocionava demais, se divertia demais, saía de lá já com o tesão de saber como era ajudar pelo menos um pouco. Tudo o que sei sobre legislação, tecnologia, psicologia da educação veio tudo lá de dentro e não foi pouco. Até as matérias que os licenciados costumam achar um porre como didática e currículo, para mim, eram um barato. Sou eternamente grata aos mestres da São Judas por ter passado em um concurso público sem abrir a página de um livro sequer para estudar, simplesmente porque lá eu não aprendi só a aprender, mas também a fazer e a amar o que faço.

Sei como são as pós de Língua Inglesa nas outras faculdades, as poucas que ousam ainda oferecer o curso, na maioria de um jeito bem boqueta. Ao contrário dos outros dois cursos que fiz na USJT, creio que a pós ainda precisa de uns reajustes, mas por outro lado a carga horária pesada e as exigências igualmente pesadas botam todo mundo que veio de fora na linha. Nada difícil, mas também nada de moleza. É um curso de pós para quem realmente sabe Inglês, porque a gente respira o segundo idioma lá das 08:20 até as 16:30 toda semana com gosto. A disposição do corpo docente também é muito legal de se ver. Ganhei livros, tive uma tese bastante estimulada e professores dispostos a ouvir e a aprender com as minhas experiências. Foi a partir daí que pela primeira vez comecei a cogitar a ideia de um mestrado e reconheci que tenho algo relativamente interessante para disseminar.

Sei que é um merchan do caramba e, como alguns poderiam dizer, nada mais justo tudo ser tão bom, afinal eu pago por isso. Mas creio que em tempos nos quais a educação anda meio bamba, nem as melhores instituições têm resistido aos cursos a distância e as faculdades têm erguido prédios ao bel-prazer, achei que essa universidade merecia esse testemunho, porque é um pouco do meu orgulho também.

Enfim, mais um semestre de USJT de amor e ódio, mas também de lúcida satisfação. Uma pequena declaração de amor a uma história que já dura quase cinco anos.

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5 anos

– Às vezes é dificil acreditar que esse cara realmente existe.

Essa frase foi escrita por um torcedor são-paulino que, assim como muitos de nós, bate no peito para falar daquele a quem chamamos de Díos.

Não dá pra dizer quantas incontáveis vezes me arrepiei enquanto lia essa carta do Lugano para o Tricolor. Não só a lembrança do título me emociona muito, mas talvez ainda mais a paixão, a devoção e a fidelidade demonstrada pelo uruguaio, mesmo depois de tanto tempo. Digno, bravo, um gigante. Mereceu estar lá com toda certeza. Saudades eternas do mito.

 

“O dia 18 de dezembro de 2005 com certeza ficará guardado pra sempre na minha memória. Lembro de tudo como se fosse hoje. Aquele jogo não sai da cabeça um minuto sequer. Posso dizer que a alegria que senti naquele dia é comparável a do nascimento dos meus três filhos: Nicolás, Thiago e Bianca.

Lembro perfeitamente de cada detalhe daquele dia. Lembro de como acordei, das sensações que senti, do que passou pela minha cabeça, da saída do hotel para o estádio, da chegada e do desembarque da equipe, do clima no vestiário, de tudo.

Numa partida como essa a concentração é ainda mais importante e eu estava muito focado. Pensava na minha família, nos meus amigos, no meu país, na minha cidade e é claro nos milhões de são-paulinos que estavam no Brasil torcendo por nós.

Tudo passa pela cabeça num momento decisivo. Todas as dificuldades que você superou para alcançar seus objetivos vêm na mente numa hora dessas. É o que te motiva a ir além, a brigar, a lutar, a seguir em busca do que você deseja.

Por isso o foco em ser campeão era maior do que tudo. Aquele time era assim. Nosso grupo era unido, era guerreiro, era lutador. Você olhava pra cada um dos jogadores e sabia que todos ali dariam a vida por você. Isso faz um time ser campeão. Esse era o diferencial da nossa equipe.

Lembro que fomos assistir o primeiro jogo do Liverpool no Mundial de Clubes e saímos impressionados. O time deles era muito bom. Técnica e taticamente eles vinham muito bem na competição. A vitória por 3 a 0 sobre o Saprissa demonstrou as dificuldades que teríamos na final.

Mas nem isso foi capaz de deter nosso time. Nós sabíamos também da nossa força. Sabíamos que aquele título poderia e tinha que ser nosso.

Quando começou o jogo e o time reagiu bem a toda pressão sofrida tive ainda mais certeza de que seríamos campeões. A vibração de todos em campo, a entrega, a luta. Não tinha como voltar pro Brasil sem aquele troféu.

No gol do Mineirinho foi uma festa só. Fiz questão de atravessar todo o campo para dar um abraço nele. Ele é um cara fantástico, merecia esse premio. Uma sensação ótima tomou conta do time, mas sabíamos que não estava nada ganho e por isso seguimos firmes, fortes na defesa, com muita marcação de todo mundo que estava em campo.

As defesas do Rogério são inesquecíveis também. Acho que poderíamos jogar por muito mais tempo que o título seria nosso. A gente não tomaria gol de jeito nenhum. Não tinha como não ser tricampeão naquele jogo.

No último lance do jogo lembro que disputei no alto com o Crouch, ela passou e o outro jogador chutou pra fora. Ali veio finalmente a sensação do título. Quando o juiz apitou corri com o Fabão pra abraçar o Rogério e todos os jogadores vieram na sequência. É o melhor sentimento mundo.

O longo tempo de trabalho, tudo que planejamos e organizamos durante o ano de 2005 foi recompensado. Não poderia deixar de lembrar todos que ajudaram durante todo o caminho e em especial ao presidente Marcelo Portugal Gouvêa, a quem serei grato pra sempre.

Hoje com certeza terá comemoração aqui na Turquia.”

(Lugano, 18.12.10)

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Hoje, no meu primeiro dia de férias, fui tirar o atraso e visitar finalmente minha cabeleireira. Ela, muito sincera:

– Finalmente, depois de um século!

Durante o trajeto, enquanto caminhávamos até lá, ele me disse já rindo:

– Se você fica mais de um ano sem cortar o cabelo, imagina o que ela não deve supor sobre a sua vaidade.

De fato, fazia mais um de um ano, mesmo! Na verdade nem eu sei como é que eu consegui ficar tanto tempo sem cortar o cabelo. Estava me sentindo mal com o comprimento, o desalinho e as pontas queimadas, já com o vermelho desbotando no último, mas sinceramente, salão de beleza me dá uma preguiiiça absurda.

Sempre que visito um salão, ainda mais acompanhada, não consigo não olhar para aquele ambiente sem um ar debochado. Futuco espinha, nunca fiz hidratação e não pago nem um real para pintarem as minhas unhas (só não consigo fugir da depilação, mas um dia darei um jeito nisso também). Ainda não me conformo que mulheres troquem ondulados e enrolados lindos para passar ferro no cabelo e ficar horrível, totalmente sem brilho e personalidade. Ainda não entendo porque mulheres gostam tanto de gastar um tempo absurdo com a coluna ereta enquanto profissionais operam milagres só para deixar a pessoa menos fué. Não entendo, deus do céu, de onde sai tanta sobrancelha, cutícula, ponta dupla, etc. E não suporto os cheiros insuportáveis dos cremes para cabelo também. Ecati.

– O de sempre, tá? Corta um palmo, fio reto e repica.
– Fio reto? (horrorizada)
– É, foi ele ali que pediu, ó.

Ela fuzila. Ele, sossegado, abre o jornal de forma que a página de esportes fique visível para mim através do espelho. E eu agradeço imensamente por mais alguém ali entender a minha falta de tato para conversinhas de manequim.

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Enfim

Pezenti, pezenti, pezenti. Adoro pezentis.

Ganhei esses dos pais dos meus alunos (digo pais porque é lá que começa a intenção do presente, apesar de serem sempre as crianças as responsáveis pela entrega).

Último dia de aula. Nem preciso dizer. Mais um capítulo da minha saga de mega bunda-mole do ano. Ai ai. Ainda morro disso.

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Horas claras

Por questões logísticas, só hoje, dia 10, o Rahul chegou à nossa casa com os seus dois meses de vida.

Tenho um nome de gente na minha condição de gato.

Não, não é por causa do Seixas. Escolhi esse nome baseado no livro As Horas Nuas, meu favoritíssimo da Lygia Fagundes Telles. O Rahul é um gato inteligentíssimo, todo articulado, que já foi humano em outras vidas e compreende a sua dona como poucos. Além disso, ele também é extremamente fiel como demonstrou ser com Gregório, marido de Rosa Ambrósio. Pois que seja assim. Que eu quero ser a Rosona do meu gato Rahul com toda a minha particular chatice e bebedeira também.

Aliás, eu que já tinha adotado dois gatos antes, achei que para um primeiro dia ele já foi um tanto atrevidinho. Não ficou com medo da Leila, fuçou tudo o que é buraco, comeu bem e aceita festinha numa boa. Já até ousou subir as escadas, na mesa da cozinha, na estante da sala. Brincou com a bolinha que os meus outros gatos nunca usaram e já simpatizou um bocado com o meu quarto. Ficou todo o tempo por perto enquanto acordado (e me atrapalhou horrores subindo toda hora no teclado do notebook). Parece especialmente ágil e vivo. Agora está dormindo exatamente em cima dos meus joelhos, lindo. Já praticamente da casa, surpreendentemente à vontade.

E não sabia que esse ron-ron era o motorzinho da alegria no tempo da alegria. Levezas de um gatinho sem lembranças que gostava de brincar com o raio de sol no tapete. Ou com o pingente da cortina até se cansar e dormir.

(As Horas Nuas, Lygia Fagundes Telles)

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Hoje enquanto no trajeto para a escola me peguei tentando me equilibrar no meio-fio das calçadas enquanto ouvia Please, Please Me dos Beatles tentando pensar em uma coreografia para as crianças.

Cheguei atrasada, meio alegre e esbarrei com uma sombra que logo me fez puxar uma cadeira.

Mirei o relógio. Eram 07:45 quando encerramos a primeira parte da nossa conversa.

– É, nunca é cedo o bastante para já se ouvir uma boa história de amor.

Eu o ouvi como quem sabe que logo vai entorpecer. Para variar, é mais uma daquelas histórias de amor com repentes que surpreendem a gente. Fiquei, obviamente, triste porque o mundo sempre me revela um jeito diferente, seja por outras mãos ou por outras pessoas, de mostrar como o ser humano é assustadoramente instável, imprevisível e fraco. Acho que eu também fiquei meio assim porque partiu dele que, para mim, não só tem o nome de deus, mas também faz muito jus a ele.

– A verdade é que eu já tenho 43 anos e é fato: estou cansado.

Sei que é arrego, mas juro para vocês. Olhei para ele e fiquei com medo da consciência que eu vou ter daqui a uns anos se continuar assim, insistindo nesse meu jeito frenético de amar e falar de amor e confiar que todo ser humano tem seus créditos para que acreditemos nele. Se o meu deus com toda a sua sapiência, amantes e beleza está cansado, pra mim, é meio como admitir que todo o resto junto é realmente capaz de ofuscar divindades.

– Ainda fico em dúvida se o que nos mata mesmo é o amor ou todo o resto.

De qualquer forma, fiquei bem de estar lá compartilhando aquela história. Era bom ter ele ali me dizendo que eu não preciso ter medo, não por agora que eu ainda sinto que tenho ainda um outro lado com quem compartilhar um caminho de contramão.

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Divino, maravilhoso

Sabe, hoje fiquei olhando e pensando qual será a coisa que eu acho mais bonita nele. Falando hoje puramente da estética, fiquei namorando aquela imagem e achei tudo tão perfeitinho, tudo tão redondinho. E acho que eu ainda jogo inho no final das palavras porque, pra mim, ele ainda é um ão com cara de moleque. Ainda me espanta ver como essas duas extremidades ainda se entendem bem ao final de um dia.

Uma vez, há muito tempo atrás, uma colega de trabalho me falou que a Glória Pires era tão linda, mas tão linda que até a gengiva dela era bonita. Lembrei disso especialmente depois de fazer uma análise minucinosa de como o queixo dele é bonito e combina sublimemente com todo o resto, até mesmo quando ele está mastigando.

Tinha mais detalhes, mas achei tudo tão demais que não consegui pensar em uma forma de dizê-lo sem vulgaridades. Como dizia a Mari, “devia ser probido alguém ser capaz de deixar a gente tão assim por dentro, né?”.

E não é?

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